AI-First na vida real - gestão, método e a realidade de quem tem AI em escala em produção

AI-First na vida real - gestão, método e a realidade de quem tem AI em escala em produção

6 de out. de 2025 · Por Lukercio Lopes ·
5 Minutos de leitura

(TL;DR): AI não é mágica, é engenharia e gestão de risco. Comece pelo problema, tenha um processo top-down, faça discovery decente, escolha quando usar AI (e quando NÃO usar), meça, documente e itere. O resto é fumaça.

O hype e a realidade

Vamos a ela: a famosa, a incrível, a disruptiva, a tecnologia que mais produziu “especialistas” nos últimos anos, a Inteligência Artificial. Como passar por 2025 sem falar do assunto? Depois de ondas como no/low-code, realidade aumentada/mista e blockchain, chegamos ao novo “tema que vai mudar o futuro”.

Sim, AI tem potencial gigantesco e não começou ontem, a história remonta aos anos 1950. A diferença é que hoje conseguimos combinar poder computacional, dados, capital e produtos (alguns com AI, muitos apenas sobre AI).

O problema? Levar para produção. A alta liderança e investidores precisam entender que não se trata de truque; é método estatístico, engenharia de dados e resolução de problemas. E não, nem todo profissional virará “Vibe Coder” criador de múltiplos agentes.

Linha do tempo da AI
Linha do tempo da AI

Como todo hype, termos técnicos sofrem deturpação. De repente, tudo vira “agente”, e qualquer fluxo determinístico ganha um requisito de GenAI sem ninguém saber o porquê muito menos o qual problema resolver.

AI é caixa de ferramentas: martelo, furadeira, Excel, regressão logística, LLM, RAG, agente, regra de negócio… Nem todo problema precisa da mesma ferramenta. Você pode usar o martelo para o parafuso, funciona, mas o resultado não será o melhor, nem no tempo certo.

Perguntas de ouro:

  • Que problema estamos resolvendo?
  • Quais dores queremos sanar?
  • No médio prazo, AI encaixa aqui de forma sustentável?

O que chamamos de AI-First (de verdade)

AI-First não é “colocar AI no centro do produto e pronto”. Isso é o mínimo. O difícil é entender, planejar e decidir quando faz sentido usar. Cultura ≠ feature.

Na Pier falamos de AI-First desde 2021. Depois de muitas iterações e modelos testados, aprendemos algumas coisas práticas:

Começa top-down (e continua bottom-up)

AI Champions
AI Champions

Processo simples, claro e imperfeito (melhor que o PowerPoint perfeito)

Cada empresa é única. Dá para se inspirar em Google, Uber, Spotify — ou Pier — mas você vai adaptar. Comece do básico e itere.

Planejamento (OKRs, metas e prioridades)

Liste projetos candidatos a AI. Você vai errar em vários, tudo bem. O filtro real vem com discovery e dados.

Discovery de verdade (com PoC curta)

Teste viabilidade rapidamente. Às vezes um if/else ou uma regressão resolvem a V1 melhor que um LLM. Use o que te deixa mais rápido: ChatGPT, Gemini, DeepSeek… Não invente moda de ferramenta se o caminho curto existe.

Decisão dura: AI agora ou depois?

Precisa de time-to-market? Dá para lançar com regra enquanto coleta dados, prepara infraestrutura, feature store, MCP etc., e chegar com AI robusta em 3–6 meses? Muitas vezes, sim. Regra na V1, AI na V2, e dados desde o dia 1.

Metas, acompanhamento e documentação

Sem monitoramento, tudo quebra rápido. Defina metas, SLOs e gatilhos: quando subir nova versão, quando mudar processo, quando seu modelo driftar.

Documente o essencial: objetivo, decisões, dados, modelos, pipelines, código/low-code, riscos e plano de rollback.

Volte ao começo e escale por áreas

No ciclo de metas, deixe as ideias aparecerem (design thinking on). Filtre depois pelo valor e viabilidade e pelo fit com AI.

AIFirst Playbook
AIFirst Playbook

Guia de bolso: “Isso é mesmo um caso de AI?”

Use AI quando:

Evite AI quando:

Métricas que importam (para gestão e para devs)

Negócio

Produto/Operação

Modelo/Qualidade

Custo e risco

Arquitetura mínima viável (para não começar torto)

AIFirst Sample Arch
AIFirst Sample Arch

Anti-padrões (aprendidos do jeito difícil)

  1. “Agente para tudo” — fluxos simples pedem soluções simples.
  2. PoC eterna — sem hipótese, métrica e cutline, é só demo bonita.
  3. Sem dono — se todo mundo é dono, ninguém é.
  4. Sem dadosgarbage in, garbage out ainda é verdade.
  5. Sem evals — sem tests, não há regressão, só sensação.
  6. Centralização sufocante — o time central vira gargalo e mata a cultura.

Template rápido de PDR - Quais respostas responder?

Exemplo de roteiro de adoção em 3 Fases

Fase 1

Fase 2

Fase 3

Conclusão

AI-First é cultura, método e execução. Comece pequeno, escolha bem suas batalhas, meça sem dó e documente. O resto é fumaça (e threads no LinkedIn).

Sim, uma AI ajudou a organizar este texto. Não, ela não escreveu por mim, serviu apenas como ferramenta, como deveria ser.